Dramaturga

Como uma boa filha de professora de português, Vivi Gonçalves, incentivada pela mãe, sempre teve um caso de amor com os livros e com as palavras. Mais tarde, somou essa paixão ao teatro. Literatura dramática! Após a conclusão da faculdade, sentiu uma incontrolável vontade de desenvolver seu talento em Dramaturgia. Realizou uma especialização/extensão em Dramaturgia com Analy Alvarez, grande dramaturga e Diretora de Dramaturgia da TV Cultura. Escreveu e adaptou diversas obras teatrais. Como exemplos de autoria própria, podemos destacar “Splash ou a História da Gota que Sonhava Ser Rio” – contemplado pelo prêmio Zé Renato em 2014 –, “Quantas Vidas Tem um Boneco?”, “Te Conto Quando Voltar a Falar” e “Amo Você Quando não é Você”. Grandes exemplos de adaptações para a Dramaturgia são “Um Tal Dom Quixote”, “O Pequeno Príncipe”, “Doidas e Santas” e “Hoje é Dia de Maria”.

Conheça trechos de algumas de suas obras:

“SPLASH ou A História da Gota que Sonhava Ser Rio”

Esta peça teatral escrita para jovens e crianças coloca em discussão o existencialismo. Quem somos? Para onde vamos? Por que aqui estamos? Tudo acontece dentro de uma máquina de videogame. Os personagens são os componentes desta máquina. Memorínea, a memória do jogo. Eletrona, que une os conectores em pares. Audiosíneo, responsável pelos sons e músicas do jogo. Desenhítica, criadora das imagens. E Famintônico, o engolidor de fichas. Acontece uma pane na máquina e eles acordam da transe, como se funcionassem em piloto automático. Não sabem direito quem são e porque estão ali. Percebem que, para o jogo voltar a funcionar, eles terão que tratar sobre questões bem mais profundas.

Veja alguns trechos desta peça teatral:

“(…) ELETRONA: Quem são vocês? Ou melhor… O que são vocês?

DESENHÍTICA: O que somos NÓS, você quis dizer, certo?

ELETRONA: Isso… (Confusa) O que está acontecendo aqui?

DESENHÍTICA: O que é isso aqui?

FAMINTÔNICO: Olha… Eu não faço a menor ideia…

AUDIOSÍNIO: Nem eu… Que sons bonitos!

DESENHÍTICA: O que?

AUDIOSÍNIO: Vocês falando! (Esbarra na Desenhítica) Nunca tinha ouvido antes! Que sons bonitos!

DESENHÍTICA: Ei! Olha por onde anda!

AUDIOSÍNIO: Desculpe, é que eu… Eu… (Não completa a frase. Memorínea vai para perto dele, passa a mão diante de seus olhos e, ao ver que nada acontece, constata que Audiosínio não enxerga)

MEMORÍNIA: É que ele enxerga com o coração… (Silêncio. Cada um tem uma reação. Famintônico quebra o silêncio)

FAMINTÔNICO: Nossa! Estou sentindo um buraco aqui dentro… Alguém tem alguma coisa para preencher esse vazio?

MEMORÍNEA: Comer. ELETRONA: Comer? O que é isso?

MEMORÍNEA: Comer é preencher um dos vazios que moram dentro da gente. O vazio mais fácil de completar.

DESENHÍTICA: Vocês são estranhos! Nós acordamos aqui, do nada, não temos a menor ideia de quem somos, onde estamos e vocês ficam aí com essa conversa furada? (…)”

“(…) DESENHÍTICA: (Inconformada com tudo, rindo) Vocês realmente não são normais…

ELETRONA: (Ficando brava) Ah é? E o que é ser normal É ser como você é?

MEMORÍNEA: Ser normal significa agir como era o esperado. Mas às vezes o que eu espero não é o que você espera. Como saber quem está certo ou errado? Portanto, desde que nosso comportamento não cause problemas, ninguém pode ser considerado anormal ou maluco!

DESENHÍTICA: (Referindo-se a todos os outros) Mas esse comportamento aqui tem nos causado muitos problemas! O que só me faz acreditar que todos vocês são malucos mesmo! Então eu vou me virar e resolver tudo sozinha!

ELETRONA: Sozinha? Mas não dá!

DESENHÍTICA: Como não dá? Claro que dá! É bem mais fácil, aliás!

ELETRONA: Não dá! Nós somos pares! Sempre pares!

DESENHÍTICA: Oi? Somos pares? O que você quis dizer com isso?

ELETRONA: Eu não sei… Apenas disse… Mas sinto isso, aqui dentro, de verdade…

DESENHÍTICA: Pelas barbas do Chefão, você é a mais doidinha de todos aqui…

MEMORÍNEA: (Como se lembrasse de algo) Chefão! Chefão! O que você quis dizer com isso?

DESENHÍTICA: Não sei… Apenas disse… (…)”

“Minha Amada Rotina”

Esta comédia romântica trará muita identificação para os casais. Inspirada num fato real, a história conta a vida de Amanda e Cláudio que, após dez anos de casamento, descobrem-se numa crise conjugal. A internet é a alternativa como válvula de escape para ambos. Eles nem sonham a peça que a vida irá lhes pregar, evidenciando sua capacidade de renovação. A grande questão do texto é que somos capazes de nos apaixonar por quem já fomos apaixonados, desde que esta pessoa se apresente como uma novidade, nos enxergue com olhos mais curiosos e atentos.

Veja alguns trechos desta peça teatral:

“(O cenário representa o interior de um apartamento, sem divisória entre os cômodos. A mesa do café da manhã está posta. Amanda está sentada no sofá, de costas para a plateia, assistindo ao vídeo de seu casamento)

VÍDEO DO CASAMENTO

DEPOIMENTO DA AMANDA: (vestida de noiva, emocionada, no vídeo) Quando eu conheci o Cláudio eu já sabia que ele ia ser o homem da minha vida! Eu me lembro como se fosse ontem… Ele chegou naquele bar, com aquela camiseta vermelha que ele adora, e que até hoje não jogou fora, já fazendo piadas… Acho que uma das coisas que eu mais gosto no Cláudio é o bom-humor. Eu sempre adorei homens que me fazem rir! Ele é engraçado, divertido… Com ele cada dia realmente é um novo dia… Ele é incrível, é o meu amor… E é por isso que eu estou tão feliz hoje… Acho que nunca me senti assim…

(corta e entra o depoimento do Cláudio, também no vídeo)

DEPOIMENTO DO CLÁUDIO: (vestido de noivo, também emocionado) Ah… Eu não tenho nem palavras para falar da Amanda… Ela é uma mulher sensacional! Não sei se o que eu mais gosto nela é o jeitinho delicado ou sua maneira intensa e verdadeira de levar a vida… É isso! A Amanda é uma mulher intensa! Ama intensamente, vive intensamente… Ela é… a minha mulher… minha mulher!

(Entra Cláudio, que está com a tal camiseta vermelha, acabou de acordar. Visivelmente, mal-humorado)

CLÁUDIO: Bom dia… Já fez o café?

AMANDA: (Desligando o vídeo) Três mil seiscentos e oitenta e três…

CLÁUDIO: O quê?

AMANDA: Três mil seiscentos e oitenta e três… É o número de vezes que já ouvi esta frase em toda a minha vida, já que estamos casados há dez anos… Claro que ela nem sempre foi dita exatamente dessa forma… (imitando-o, de diversas maneiras) Antigamente era assim: “Bom dia! Já fez o café?”. Depois ficou assim: “Bom dia… Já fez o café?”. Atualmente é assim: “Bom dia… Já fez o café?”.

CLÁUDIO: Ih Amanda… Começou cedo hoje, hein?

AMANDA: Sabe, Cláudio… Hoje eu estava revendo o nosso vídeo de casamento para tentar entender algumas coisas… Você sabe que eu havia me esquecido de que você já foi uma pessoa bem-humorada?

CLÁUDIO: Eu sou muito bem-humorado! Acontece que você não gosta mais das minhas piadas… (vai para a mesa, tomar seu café da manhã)

AMANDA: Claro, né, Cláudio? Qual é a mulher, na face da Terra, que gostaria de ouvir, por exemplo, ao estar deitada com o marido, que está assistindo futebol numa quarta à noite, ao comunicar que vai dormir, o maridão diz: “Ah, não vai não, amorzinho… Logo agora que eu ia abusar de você…”. Esta mulher, que há muito tempo implora para ser “abusada”, surpresa, responde, com olhar sedutor: “Ai… Então vem! Abusa! Abusa de mim, amor!”. O super “bem-humorado” do marido, então, diz: “Oba! Então vai lá na cozinha e pega uma cervejinha e umas azeitonas pra mim?”. Isso lá é piada que se faça com a sua mulher, Cláudio??? Não é desse humor que eu sinto saudade não!

CLÁUDIO: (rindo) Ah, a piada era boa! Vai dizer que você não achou graça? Nem um pouquinho? Não deu nem um pinguinho de vontade de rir?

AMANDA: (nervosa, batendo nele com uma almofada) Cala a sua boca! Como você me irrita!!! Meu Deus do céu, como eu pude um dia me apaixonar por esse homem?

CLÁUDIO: (com olhar sedutor, brincando) Quer que eu te mostre, meu bem?

AMANDA: (vai praticamente “rosnando” pra cima dele, com vontade de matá-lo. Pára e se controla)

CLÁUDIO: Calma, meu bem! Foi você que acabou de pedir pra eu resgatar o meu bom-humor!

AMANDA: (Mais nervosa ainda, começa a retirar a mesa do café da manhã)

CLÁUDIO: Ei, o que você está fazendo? Eu ainda não terminei!

AMANDA: (ameaçadora) Ah, terminou…! Terminou sim, Cláudio! Para o seu bem, você já terminou!

CLÁUDIO: (nervoso, levantando) Mas que inferno! Eu estou na minha casa! Será que eu não tenho direito nem de tomar meu café da manhã em paz?

AMANDA: (nervosa) Paz… Está aí uma coisa que eu não sei o que é faz tempo! E a culpa disso é toda sua, da nossa vida estar esse inferno!

CLÁUDIO: Minha? A “chiliquenta” aqui é você! Eu queria que alguém estivesse vendo essa cena para testemunhar o que eu estou dizendo! A mulher por quem eu me apaixonei era meiga, delicada… (pausa) Vem cá… Por que é que você não se pergunta, pelo menos uma vez, o motivo de eu andar tão estressado, mal-humorado, hein? Quem sabe você descobre onde foi parar o meu bom-humor… (Sai. Vai se trocar para ir ao trabalho)

AMANDA: (falando pra fora de cena) E por que é que você não se pergunta, pelo menos uma vez, o motivo de eu andar tão “chiliquenta”, como você diz, hein? Você não merece que eu seja mais a mesma com você! É impressionante como você faz tudo errado! Nem me olhar mais você olha… Um casal deve saber que é preciso se reconquistar a cada dia, ouviu? (irônica) Mas é lógico… Pra que perder tempo com romantismo, não é mesmo? O seu troféu já está aqui, já é seu! Pra que gastar sua atenção, sua dedicação, suas energias com “isto”? Pois fique sabendo que “isto” está de saco cheio! A gota d’água já foi há muito tempo! É todo dia a mesma coisa, tudo sempre igual… A nossa vida está parecendo um livro de um único capítulo… E o pior é que eu leio esse mesmo capítulo todo dia! Essa rotina está me matando… Nos matando… Aos poucos… (Cláudio volta. Já está trocado para ir pro trabalho. Age como se nem estivesse vendo Amanda, que o segue o tempo todo. Ele pega sua maleta, suas chaves para sair) Quem é você, Cláudio? Você está me ouvindo? Quem é você, hein? Me responde, porque faz tempo que eu já não sei mais… Parece que eu moro com um estranho, dentro da minha própria casa! Você está me escutando, Cláudio? Está? Eu estou falando com você! (Cláudio sai e bate a porta. Amanda, sozinha em cena, fica triste por uns instantes. De repente, essa expressão de tristeza se transforma em expressão de ideia. Ela começa a procurar algo, desesperadamente, pelas gavetas de sua casa, até encontrar uma tesoura. Sai, pega a camiseta vermelha de Cláudio, volta e começa a picar todinha. Sua expressão, como mágica, vai ficando alegre).”

 

“Quantas Vidas tem um Boneco?”

Esta peça de teatro para crianças e jovens relata as dificuldades de crescer, porém tratando esta fase como parte fundamental e natural do ciclo da vida. Há três personagens: Zé, um palhacinho de meia. Boneco bem simples, até um pouco sujo. Carinhoso, conhece bem o drama do desprezo. Um pouco ‘lento’, pelo fato de ser um boneco sem memória; Sandy, uma boneca estilo “Anos 60”, confeccionada em homenagem à personagem “Sandy” do Filme “Grease – Nos Tempos da Brilhantina”. Um tanto quanto emperiquitada, chega a ser até um pouco brega; e Malu, uma garotinha doce e criativa que sofre pelo excesso de trabalho de seus pais. Vive também a fase de transformação da infância para a adolescência. Os bonecos vivem num porão abandonado na casa da avó de Malu. A garotinha os encontra quando vai passar um longo período por lá, por conta do árduo trabalho de seus pais. Logo percebe que eles eram brinquedos que pertenciam à sua mãe. Tornam-se verdadeiros amigos! Mas o tempo impiedoso que passa depressa, logo transformará a menina Malu numa linda mulher.

Veja alguns trechos desta peça teatral:

” (…) MALU: Isso tudo o que está acontecendo é incrível! Jamais pude imaginar que um dia ia me encontrar com brinquedos que foram da minha mãe! Ainda mais duas pecinhas tão raras como vocês dois! Ela não deve saber que vocês ainda vivem aqui!

SANDY: Ela sabe… O problema é que quando as crianças crescem, não conseguem mais enxergar certas coisas. Dizem que nasce na frente dos olhos dos adultos uma espécie de lente que não os permite mais enxergar a realidade. Você acredita que os adultos enxergam os bonecos paralisados, sem falar nada, como objetos… Vê se pode? E foi isso que aconteceu com Luiza… Mas nós já estamos acostumados com isso. (Malu fica espantada)

MALU: Mas comigo vai ser diferente! Eu nunca vou deixar essa lente estraga prazeres crescer na frente de meus olhos! A partir de hoje seremos um trio! Um trio inseparável…  (…)”

 

” (…) SANDY: Ai Zé, você é muito ruim em Peteca, hein?

ZÉ: Você que está errando tudo e por ser tão orgulhosa não admite, e ainda coloca a culpa em mim!

SANDY: Você anda muito abusado! Será que colocaram algo nessa sua cabeça oca? Você não sabia responder assim pra mim!

ZÉ: É a convivência com você!

(continuam jogando e resmungando, até que percebem que Malu não está nem prestando atenção no que estão fazendo)

ZÉ: Malu, você não quer jogar?

MALU: Não Zé, agora não posso.

SANDY: Nossa, mas o que é que você está fazendo de tão importante que não pode brincar?

MALU: Estou escrevendo no meu diário.

ZÉ: Diário?

MALU: É, Zé… É um caderno em que você escreve como foi o seu dia, todos os dias! Ninguém nunca pode ler o seu diário, pois nele há coisas pessoais e até alguns segredos… Segredos bem cabeludos, daqueles que você não tem coragem de contar pra ninguém!

SANDY: (indo pegar o diário) Ai que legal! Deixa eu ler?

MALU: Claro que não, Sandy! Você não pode ler o meu diário!

SANDY: Mas sou eu, Malu! Você conta tudo pra mim…

MALU: Nem tudo, né…

SANDY: (muito sentida) Ah… então ta… tudo bem… Vamos, Zé. Vamos continuar jogando…

ZÉ: Ta bom… (Voltam a jogar)

Voz Off: Malu, vem almoçar!

MALU: To indo!

(Malu sai, mas deixa o diário / Sandy corre imediatamente para pegá-lo)

ZÉ: Sandy, você não pode fazer isso! Você não ouviu o que a Malu falou!

SANDY: Ai Zé, para de ser careta! Vou dar só uma olhadinha, ela nem vai perceber!

ZÉ: Não está certo, Sandy! Isso não vai dar certo…

(Sandy vai lendo o diário, parecendo estar surpresa / De repente entra Malu)

MALU: (dizendo para fora) Já vou, só vou pegar o meu diário e… (paralisa ao ver Sandy com o seu diário)

SANDY: (sem graça) Oi Malu… Você não ia almoçar?

MALU: Que coisa feia, Sandy! Que falta de respeito! Você não podia ter feito isso!

SANDY: Ai Malu, sabe o que é? Você nunca me escondeu nada… Eu sempre fui sua confidente e agora você inventou esse tal de “diário”?

MALU: Mas tem certas coisas que eu não me sinto à vontade de falar! E você não pode ler um diário sem permissão! Eu estou muito chateada com você!

SANDY: Me desculpa, Malu? Você está certa… Eu não devia ter feito isso! (para Zé) E você nem pra me segurar, né?

ZÉ: (faz cara de indignação para o público) Ma eu te avisei!

SANDY: Deixa pra lá… Com aviso ou sem aviso eu errei… Me desculpa, vai?

MALU: Tudo bem, Sandy… Tudo bem… Mas não faça isso nunca mais! É muito feio invadir o espaço dos outros! Estou indo almoçar… (sai com o diário nas mãos)

ZÉ: Foi muito mal dessa vez, hein Sandy!

SANDY: É… foi sim… (Pausa) O Zé?

ZÉ: Hum?

SANDY: Ela escreveu muito sobre um menino… Um tal de Fabinho…

(Os dois se olham / Luz vai se apagando. Os dois bonecos estão de pé, um de cada lado do palco / foco de luz somente sobre eles / falando para o público)

SANDY: Ontem foi um dia diferente…

ZÉ: Aconteceu uma coisa…

SANDY: Não sabemos explicar bem o que é…

ZÉ: A gente estava brincando…

SANDY: brincando de pintar desenhos com tinta…

ZÉ: Nós três sentados aqui no chão…

SANDY: Havia tintas de todas as cores…

ZÉ: Malu que adora desenhar…

SANDY: Estava fazendo uma grande casa…

ZÉ: Com telhado bem vermelho…

SANDY: Desenhou a gente também…

ZÉ: Bem na frente da casa…

SANDY: Fez um jardim com muitas flores…

ZÉ: E com uma árvore também…

SANDY: E no tronco da árvore…

ZÉ: Desenhou um coração…

SANDY: Ela estava tão distante…

ZÉ: No que será que ela pensava?

SANDY: E então…

ZÉ: Eu percebi uma coisa…

SANDY: O chão estava vermelho!

ZÉ: Com certeza era da tinta…

SANDY: Mas não havia nenhum potinho virado…

ZÉ: Que estranho!

SANDY: Malu ficou assustada…

ZÉ: Pegou um pano para limpar suas pernas…

SANDY: E saiu correndo daqui…

ZÉ: Ela estava com medo…

SANDY: Eu não entendi nada!

ZÉ: E eu, menos ainda! (…)”

” (…) SANDY: O Zé?

ZÉ: Fala…

SANDY: Quantas vidas tem um boneco, hein?

ZÉ: Não sei… Depende de quantas crianças nós encontramos… Nós, por exemplo, já tivemos duas vidas!

SANDY: É mesmo… Já vivemos a “Era Luiza” e a “Era Malu”… Como será que vai se chamar a nossa próxima menina? Ou será um menino? (…)”